Fou lótus.
Sim. Fou em francês é o bispo do xadrez, que também representa a loucura é verdade. Lótus a flor que simboliza a pureza da alma.
Eu conheci o “Carlin”. Conheci-o há 4 anos. Conheci-o entre copos de vinho e conversas sobre a lua.Ele trazia nos olhos uma tristeza indizível, que contrastava com sua alegria inata e com seu bom humor. Gostava de Oswaldo Montenegro. Ensinou-me a gostar dele também.Nenhum jornal disse que o “Antônio Carlos” preferia ser chamado de Carlin. Que era puro como a Lótus de seu nickname, que tinha uma maneira de rir peculiar, e que ao conversar conosco, colocava os cabelos muitas vezes atrás da orelha.
Não andava só de preto, embora lhe caísse bem, tenho fotos dele de branco, verde. Gótico? Seria extremar demais a coisa toda. Era um adolescente que gostava dos amigos. Gostava de magia? Sim. Gostava. Tanto quanto eu, e eu nunca matei ninguém por isso. Ir a cemitérios? Nunca me chamou para nenhum. E olha que conversamos muito sobre a Deusa e o amor. E se havia algum conceito distorcido, era hora de manifestá-lo.
Quanto a ser amigo intimo de seu algoz? Não. Poderiam se conhecer, poderiam ser colegas, mas amigos? Acho que isso é reflexo de pessoas que pouco o conheciam ou que preferem o comodismo `verdade.Que saiba o Carlin tinha sim um grande amigo, mas este é músico, queria seu bem de forma quase paternal e atende pelo nome de Thiago.
Acho que o jornalismo precisa de algo mais verdadeiro e menos populista. Tenho lido teorias mirabolantes de rituais macabros, de RPG. A única coisa que teve poder de influenciar a vida ou morte dele naquele momento foi a mente cruel de um ser humano.
Criamos nossos filhos com a virtude do amor, a pureza; ensinamos a eles que devem crer na amizade, que confiar nos amigos é o primeiro passo.
Carlinhos era um garoto puro e indefeso. Inofensivo eu diria. Nunca vi-o sendo grosso ou ríspido com qualquer pessoa que fosse. Era carinhoso e amável. Do tipo que te cumprimenta com um abraço verdadeiro. E ele confiou sim. Carlinhos confiou que seu assassino era um amigo, e amigo nós seguimos para todos os lugares.
Eu só consigo ter pena desse garoto que matou meu amigo. Pena porque a justiça dos homens pode até ser falha, mas a justiça eterna não passa em branco. Pena porque ele tirou do mundo um pouco de amor.
Pena por ele não entender nada de magia ou sobre a vida. Pena por ele ter tentado se matar a pouco tempo. Pena por ele mesmo achar que sua vida não vale a pena. Pena pelo tempo que ele empregou “misantropia” em frases sem saber realmente o que aquilo significava. Pena por ele achar que o ódio a todos os seres humanos era alguma forma de paz. Que a solidão era um caminho aceitável e menos arriscado.
E principalmente pena de nós, que amanhecemos este sábado passado sem a alegria de ter o sorriso do Carlinhos entre nós. Que acordamos sem a pureza e a loucura de Fou Lótus, que sempre foi mais pureza . Que sempre foi mais amor.
-->Notícia no UAI
A coisa amis linda que eu possa ter lido sobre o Linhos!
ResponderExcluir*.*
como ele faz falta!