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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Paz

Acho que ninguém consegue entender o que leva alguém a tirar uma vida.

Um bem material? Uma má educação? Uma política capitalista e heterótrofa, onde é cada um por si, e a maioria nem acredita no 'Deus por todos'?

Eu fico tonta com os noticiários. Só nesse Final de semana 11 assassinatos em BH. Mas nada, nada mesmo justifica tirar a vida de alguém. Fala-se muito em aviões que se chocaram, matando mais de cem. Mas o pesadelo verdadeiro acontece aqui na terra, onde jovens de 19 anos são mortos em troca de um Gol 99 vazando óleo.

Referendo veio, votação passou... E o que mudou de fato? O que conseguimos fazer com a chama fugaz e mínima de uma vela a mercê do vento?

Fazemos pouco, fazemos quase nada pela Paz. Aquela paz que se alcança com a boa distribuição de renda. Aquela paz que se tem a mãos quando se ensina a uma criança os valores como amor ao próximo e dignidade.

Acho que nasci na época errada. Ou talvez seja apenas mais fácil pensar que antes era melhor. Que antes não tínhamos AR 15 e mira noturna. Talvez fosse mais simples a vida quando a droga era ópio, não LSD, não cocaína. Quando se cheirava rapé, quando os desastres eram causados pelas caravelas afundadas, e quando acreditávamos que monstros sobrenaturais habitavam a escuridão. Mas não, não consigo entender.

A vida é o bem mais precioso. É o presente máximo de uma mãe. Por que? Acredito que essa seja mais uma das respostas que os livros nunca poderão me dar. Essa é uma questão pela qual os psicólogos podem até criar inúmeras teorias, mas chegar a uma solução...

Só mantenho minha esperança imaculada de que um dia possamos voltar a olhar pelas nossas janelas sem temer uma bala perdida. Peço aos céus, e a Deus, embora eu não seja religiosa, que um dia eu possa sorrir para as pessoas na rua e receber de volta à mesma luz, sem interesse, sem aparente discriminação por minha cor, raça ou escolhas dogmáticas. Apenas por sorrir.

Esse final de semana Thiago, 19 anos deixou-nos sem a luz do seu sorriso. Partiu por uma escolha alheia. Partiu em um disparo de arma de fogo que culminou em sua morte instantânea. Uma morte sem porque.

E fica no ar mais uma pergunta para a qual não me ensinaram a resposta.

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