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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Pródromos

O sol entra por uma fresta na janela e faz uma linha de luz no edredom da cama. Estou recostada na minha pilha de travesseiros, segurando a coluna e a barrigona, enquanto do outro lado da cama o bercinho moisés que abrigará meu pequeno nos próximos meses brilha na luz opaca do sol de fim de tarde.

Logo em frente a cama um letreiro, desses de madeira, me lembra por que estamos aqui:
Amor.
Já fazem 3 dias que sinto algumas pontadas e cólicas mais fortes. Dizem que a dor do parto é uma dor de morte, mas para mim será a dor da vida. Da sua vida. Da minha vida. Das nossas vidas juntas.
E se dói a vida, e se vale sentir a dor, é porque há amor aqui. Há amor em tudo. Amor no diminuto berço que seu pai montou e que você vai dormir ao meu lado.
Amor nos meus olhos marejados de ansiedade e vontade de você. De sentir seu cheiro, seu gosto. De sentir sua boca em meu seio sugando com vontade o alimento que meu corpo produz só para você, em uma sinergia perfeita, meu peito produz aquilo que seu corpo precisa.
E vamos crescer juntos. Eu doando ao seu corpo e você a meu espírito. Você cresce as coxas, eu cresço a alma.
Me perdoem os poetas. Nada no mundo se compara.

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