segunda-feira, 26 de maio de 2008
Sobre Fou Lótus
Sim. Fou em francês é o bispo do xadrez, que também representa a loucura é verdade. Lótus a flor que simboliza a pureza da alma.
Eu conheci o “Carlin”. Conheci-o há 4 anos. Conheci-o entre copos de vinho e conversas sobre a lua.Ele trazia nos olhos uma tristeza indizível, que contrastava com sua alegria inata e com seu bom humor. Gostava de Oswaldo Montenegro. Ensinou-me a gostar dele também.Nenhum jornal disse que o “Antônio Carlos” preferia ser chamado de Carlin. Que era puro como a Lótus de seu nickname, que tinha uma maneira de rir peculiar, e que ao conversar conosco, colocava os cabelos muitas vezes atrás da orelha.
Não andava só de preto, embora lhe caísse bem, tenho fotos dele de branco, verde. Gótico? Seria extremar demais a coisa toda. Era um adolescente que gostava dos amigos. Gostava de magia? Sim. Gostava. Tanto quanto eu, e eu nunca matei ninguém por isso. Ir a cemitérios? Nunca me chamou para nenhum. E olha que conversamos muito sobre a Deusa e o amor. E se havia algum conceito distorcido, era hora de manifestá-lo.
Quanto a ser amigo intimo de seu algoz? Não. Poderiam se conhecer, poderiam ser colegas, mas amigos? Acho que isso é reflexo de pessoas que pouco o conheciam ou que preferem o comodismo `verdade.Que saiba o Carlin tinha sim um grande amigo, mas este é músico, queria seu bem de forma quase paternal e atende pelo nome de Thiago.
Acho que o jornalismo precisa de algo mais verdadeiro e menos populista. Tenho lido teorias mirabolantes de rituais macabros, de RPG. A única coisa que teve poder de influenciar a vida ou morte dele naquele momento foi a mente cruel de um ser humano.
Criamos nossos filhos com a virtude do amor, a pureza; ensinamos a eles que devem crer na amizade, que confiar nos amigos é o primeiro passo.
Carlinhos era um garoto puro e indefeso. Inofensivo eu diria. Nunca vi-o sendo grosso ou ríspido com qualquer pessoa que fosse. Era carinhoso e amável. Do tipo que te cumprimenta com um abraço verdadeiro. E ele confiou sim. Carlinhos confiou que seu assassino era um amigo, e amigo nós seguimos para todos os lugares.
Eu só consigo ter pena desse garoto que matou meu amigo. Pena porque a justiça dos homens pode até ser falha, mas a justiça eterna não passa em branco. Pena porque ele tirou do mundo um pouco de amor.
Pena por ele não entender nada de magia ou sobre a vida. Pena por ele ter tentado se matar a pouco tempo. Pena por ele mesmo achar que sua vida não vale a pena. Pena pelo tempo que ele empregou “misantropia” em frases sem saber realmente o que aquilo significava. Pena por ele achar que o ódio a todos os seres humanos era alguma forma de paz. Que a solidão era um caminho aceitável e menos arriscado.
E principalmente pena de nós, que amanhecemos este sábado passado sem a alegria de ter o sorriso do Carlinhos entre nós. Que acordamos sem a pureza e a loucura de Fou Lótus, que sempre foi mais pureza . Que sempre foi mais amor.
-->Notícia no UAI
terça-feira, 20 de maio de 2008
A Deusa e a Dança
E com as ondulações inseguras de meus braços, o infinito representado pelos meus quadris, eu a vi. E sua face era bela, embora ainda oculta pelo véu da minha rigidez, de antigos costumes que eram mais bárbaros que glorificar meu ventre como fonte de vida. Mais bárbaros que o sacrifício do Deus que banha a terra com sua fertilidade.
Ela me olhava e se movia me incentivando a acompanhá-la, a romper o véu, a transgredir as falsas regras, a cultuar a forma feminina que habita meus próprios contornos.
E Ela estava lá; estava lá quando pouco a pouco o véu se esvaiu. Estava lá quando notei que minha nudez não era vergonhosa, e estava lá quando me banhei da luz da aurora e recebi o Deus.
Dançavamos juntas e meu véu agora ondulava ao vento, e era levado pela suavidade da brisa que exalava de Sua respiração.
E ela ria, e seu riso me parecia o som das águas na cachoeira.
E de sua dança, a vida surgia. E de sua dança, a minha alma se cobria de cores, cheiros e sabores. E descobri o mundo.
E ela continuava a meu lado, quando meu coração desabrochou como a rosa ao contato do orvalho, e vi, que nas pequenas formas, que no meu próprio sorriso é que se esconde a alegria da risada.
Ela simplesmente me acompanhava. Ou eu a seguia, não sei.
Ao mesmo tempo que era Ela, era eu. E ela estava em mim. E girava comigo, e sentia, e se apaixonava, e era ela, e era eu.
E desde então ela se fez presente. Mesmo nas noites mais escuras, sua face estampada no céu me acompanha e me dá a certeza que a Dança continua.
E quando ela não surge no Céu, posso encontrá-la em meu ventre. No calor intenso que se move e faz tudo acontecer.
Posso encontrá-la em mim mesma, porque um dia, em uma dança, eu era Ela, e Ela era eu.
Flávia. (29/08/07)
Mais um pouco de Paz
Foi rodopiando até o banheiro, e de águas frescas e um pouco geladas tomou um banho. Alecrim pra aqui, alfazema pra colá. Ela adora isso de ervas. Adora se perfumar.
Penteou os cabelos cuidadosamente, partiu-os, colocou seu vestido mais bonito.
O sol Brilhava, e ela pensava na Advogada. Na razão, na lucidez e principalmente na paz. Que sentimento é esse que se diz branco, que é a razão natural, e mesmo assim nunca se acha? Não há dessa tal de paz no Oriente Médio, nos EUA, na Europa, e nem aqui... no Brasil. Talvez a paz seja algo que se guarda na caixinha, se tranca e espera a hora certa para usar. Talvez, a paz seja como qualquer coisa que se perde. Temos que parar de procurá-la para achá-la. Afinal, há guerras para achar a paz, há conflitos para achar a paz. E parece que ela brinca de se esconder, cada vez que um homem pega um fuzíl e diz querer encontrá-la.
[A paz reside na solidariedade. Não nas armas de fogo]
A lucidez tomou conta
A lucidez caminhou ao lado da desilusão. Tomou um porre de uma bebida chamada orgulho. Fazendo-se de brejeira, se engraçou para o amor, que via com os olhos de outrêm e não entendeu bem a aparente frieza daquela moça racional demais que bebia ao lado da desilusão com ares de quem sabe o que faz.
Não desanimou. Pegou a mochila e foi passo a passo se esquivando daquela bar estranho, onde se bebia orgulho na esperança de maltratar o amor, e convênce-lo que a desilusão era boa companhia.
Partiu sozinha. Convenceu-se que a melhor companhia era o silêncio, e a melhor bebida era mesmo a cristalina paz.
Caminhou no deserto, nos gramados morros onde brincavam os vários filhos da sra Felicidade. Muito gentil alías, ofereceu-lhe repouso por uma noite.
Só quando, viu uma colorida forma rolando morro abaixo e soltando sonoras gargalhadas é que percebeu que só seu oposto lhe completaria. Andou por todos os lados e sua companheira ideal estava bem ali.
[Nem toda Loucura é genial, Assim como nem toda Lucidez é Velha!]
Amor
É impreterível que se tenha um amor que te deixe completa, e respeite sua individualidade.Nesse amor, é irrevogável que haja paixão, e um tanto de loucura. A sensatez inata da lucidez, e um toque excepcionalmente grande de lealdade.
Um amor de verdade se encontra naquele ser, onde se pode falar de astronomia, política e discordar em tudo. No final o que interessa não é ter um clone seu que te siga sempre não é? È necessário ciúmes, afagos, beijinhos, banhos de chocolate, leite moça, sanduiches cheios de bacon de madrugada depois de gastar todas as energias numa entrega doce de uma virgindade de alma. Uma virgindade que nada tem a ver com hímens, mas que diz respeito a descoberta de novos cheiros, novas cores.
Quando se descobre alguém que toma 20 banhos por dia só pra brincar de cuspir água em você e depois te amar ali mesmo, em pé com a água rolando sobre seus corpos nús, alguém que pegue água pra você, só para fazer charme e te chamar de preguiçosa, uma pessoa que possa tomar vinho ao seu lado e te dizer que você é a mulher mais linda do mundo.
Ter um amor, que te chame de princesa, fada, que seja seu amante, amigo, seu companheiro... Mesmo sabendo que você é cheia de defeitos e eles se agravam na temível TPM.
Alguém que fique acordado, como na música do aerosmith, enquanto você dorme, e observe seu sono.
Uma pessoa que você sinta vontade de dizer sempre que a ama, e não viveria sem ela, mesmo que isso soe como o maior clichê do mundo. Alguém que eu sei, que leria esse textinho batido e choraria, pois de alguma forma ia saber que eu estava escrevendo desde o início sobre ele...
[ O amor é a loucura e a Lucidez se unindo em um apaixonado beijo.]
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Crescer dói
Crescer dói. Porque ninguém cresce com experiências alheias, porque ninguém conhece a dor através do ferimento do outro.
E por isso crescer dói. Amadurecer inverga nossas costas, pois temos que carregar nosso peso, o peso de nossos erros e orgulho.
Conheço pessoas que tem 60 anos e não cresceram. Conheço outras de 17 anos, que já são capazes de pedir desculpas quando erram, de assumir seus próprios erros.
Crescer dói muito. Dói na moral, dói no coração partido por ilusões quebradas. Dói.
Quem dera crescer fosse uma fase de maturação que durasse de um tempo x a um instante y. Mas não. É uma equação que no final não era igualada a zero. É somar, dividir, multiplicar, subtrair ( claro!) e chegar ao resultado óbvio de que valeu.
Valeu a dor no joelho ralado, valeu ter ficado até tarde para concluir aquele trabalho a tempo. valeu ter corrido atrás do sonho, ter escorregado naquela casa de banana, valeu ter vivido, valeu ter pagado o preço das escolhas, valeu ter escolhido este caminho. Afinal de contas, o melhor jeito que sua vida poderia estar é a forma que ela é. Valeu aprender a duras penas que equilíbrio é a receita de qualquer bolo. Valeu a pena.
Crescer dói. E por isso chamam esse "crescer" de amadurecimento.
[Crescer é colocar uma porção grande de loucura e ir adicionando lucidez até dar ponto]
Nunca diga Nunca
Paz
Um bem material? Uma má educação? Uma política capitalista e heterótrofa, onde é cada um por si, e a maioria nem acredita no 'Deus por todos'?
Eu fico tonta com os noticiários. Só nesse Final de semana 11 assassinatos em BH. Mas nada, nada mesmo justifica tirar a vida de alguém. Fala-se muito em aviões que se chocaram, matando mais de cem. Mas o pesadelo verdadeiro acontece aqui na terra, onde jovens de 19 anos são mortos em troca de um Gol 99 vazando óleo.
Referendo veio, votação passou... E o que mudou de fato? O que conseguimos fazer com a chama fugaz e mínima de uma vela a mercê do vento?
Fazemos pouco, fazemos quase nada pela Paz. Aquela paz que se alcança com a boa distribuição de renda. Aquela paz que se tem a mãos quando se ensina a uma criança os valores como amor ao próximo e dignidade.
Acho que nasci na época errada. Ou talvez seja apenas mais fácil pensar que antes era melhor. Que antes não tínhamos AR 15 e mira noturna. Talvez fosse mais simples a vida quando a droga era ópio, não LSD, não cocaína. Quando se cheirava rapé, quando os desastres eram causados pelas caravelas afundadas, e quando acreditávamos que monstros sobrenaturais habitavam a escuridão. Mas não, não consigo entender.
A vida é o bem mais precioso. É o presente máximo de uma mãe. Por que? Acredito que essa seja mais uma das respostas que os livros nunca poderão me dar. Essa é uma questão pela qual os psicólogos podem até criar inúmeras teorias, mas chegar a uma solução...
Só mantenho minha esperança imaculada de que um dia possamos voltar a olhar pelas nossas janelas sem temer uma bala perdida. Peço aos céus, e a Deus, embora eu não seja religiosa, que um dia eu possa sorrir para as pessoas na rua e receber de volta à mesma luz, sem interesse, sem aparente discriminação por minha cor, raça ou escolhas dogmáticas. Apenas por sorrir.
Esse final de semana Thiago, 19 anos deixou-nos sem a luz do seu sorriso. Partiu por uma escolha alheia. Partiu em um disparo de arma de fogo que culminou em sua morte instantânea. Uma morte sem porque.
E fica no ar mais uma pergunta para a qual não me ensinaram a resposta.
Crescer e outras coisinhas
Vou ser mais um pagador compulsivo de contas. Vou ser outro daqueles seres bípedes que correm de um lado para o outro deixando pra trás todas as esperanças e angústias da época que ainda rastejavam nas quatro patas.
Quando eu crescer, vou ser médica eu dizia sempre à minha avó. Não que a medicina me atraísse, mas eu sabia que era isso que ela esperava ouvir. Essa era a receita infalível pra receber muitos doces. Era esse o caminho seguro que ela esperava que eu trilhasse.
Acontece que aos nove anos, quando numa páscoa cortei a língua em um acidente pueril que envolvia uma caloi rosa de cestinha e um monte de areia no chão, eu percebi que aquele tanto de sangue, pontos e xilocaína não eram o mar de rosas que resultava apenas em bala e 'chipes'.
Os 11 anos, quando Gisele Bundchen desfilava por todos os lados, e minha voz não era lá grandes coisas no coral da escola, percebi que meu dom artístico estava para o lado da moda. Modelo, flash, Manequim, passarela. Que garota não se sentiu atraída?
Entrei no Segundo grau e o sonho de ser modelo foi se despedaçando em meio a minha inegável queda para a linguagem. Pensei em fazer Direito, Física, Matemática. Na inscrição fiz Letras.
É incrível como a pressão da família te aniquila. Todos fazem ares de 'bem, você que sabe'. Mas ninguém te dá doces quando você quebra a cara com a escolha. De letras não fiz nada. E até hoje não sei bem o que fazer.
O mundo me joga ao léu com minhas idéias desconexas e não sei bem o que fazer com esse mundaréu de coisas que tenho ai para aprender.
Bom seria ter um dia de muitas e infinitas horas. Imagina? Mas essa vai ser mais uma das minhas frustrações.
[ A bailarina não quer parar a dança. Porque parar?]
Onde termina a lucidez e começa a loucura?
É como se a lucidez fosse o superego e a loucura nosso Id.Freud estava certo. Somos loucura e lucidez, refletidas na nossa mesquinha personalidade que senhor sigmund chamou de Ego.
A lucidez é dura, e faz doer. A lucidez nos trás a certeza da morte e a escuridão das noites mal dormidas. É como se a lucidez fosse o sal, e a loucura o doce. A demasia de ambos nos faz mal.
A Lucidez te faz enxergar a vida sob vários ângulos, do ponto de vista do observador, do observado e da 3ª pessoa.
Mas quando começa a loucura? A loucura não começa. Ela acontece. Ela estréia em nosso palco. A Loucura é uma eterna dançarina de cancan. Essa sim, é majestosa.
A loucura é definida por ai como uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade.
É verdade. Por exemplo: pensar em ser feliz hoje em dia é loucura. Sonhar com menos propaganda e mais ação é loucura. Amor eterno e feliz então... Loucura. Somos um bando de loucos se fingindo de lúcidos.
[Não importa o palhaço que te fez rir, o importante é a gargalhada.]
Tempo
Sobre Felicidade
Amor
Sobre Loucura e Lucidez
[ Sobre presente, passado e futuro]
Algo a ser sempre lembrado
Há coisas que devemos sempre nos lembrar.
Lembrar de como se anda de bicicleta, como virar cambalhota, dar salto mortal, virar estrelinha, comer lasanha.
Lembrar do gosto do chocolate, de como é bom se sujar de manga, fruta do conde, terra, infância e alegria. É importante se lembrar da canção de ninar, da cor dos raios de sol na piscina do clube, do riso sem compromisso e espontâneo. É quase tão imprecindível quanto oxigênio, que se saiba dançar ao ritmo do vento, que se saiba rir do não saber, do perder, do impossível. Rir é um santo remédio. Remédio de alma, que lava o coração. Chorar também é bom. Quando era pequena, esfolava o joelho e ia andando pra minha mãe. Passos incertos. Bastava um beijo, um assopro e um pouquinho de merthiolate ( que na minha época ainda ardia). Hoje corro pra um ombro amigo. Esse ombro as vezes é o da mamãe. Mas minha dores não se curam mais com beijos e assopros, e creio sinceramente que não se faz merthiolate como antigamente. Deixa isso de choro pra outro dia. Hoje é dia de descer em um eterno toboágua. Sentir um frio na barriga. Beber coca cola, daquela bastante calórica. Hoje é dia de Bailarina. [Buscar o equilíbrio é difícil, mas viver sem ele é impossível]