O vento na minha janela parece o ruído do choro molhado de alguém que passou por tudo. Do lado de dentro, meu único acalento é minha própria companhia e minha imagem refletida no espelho. Olho e procuro ver além dos meus olhos. Procuro toda aquela minha velha confiança e a certeza de que o amor é pra sempre e a dor é passageira.
Você me ensinou a lição mais dura que já aprendi. Ensinou que meus pés não devem parar de tocar o chão, e que meus olhos devem sempre permanecer abertos, e meus braços selados. Ensinou-me que a melhor forma de tornar alguém cego é fazê-lo confiar indubitavelmente em tudo que se diz, e me fez esquecer tudo aquilo que eu gostava e prezava de verdade.
Sei que quando amamos procuramos nos moldar ao que o outro espera de nós, mas em que momento eu deixe de apenas aceitar resignadamente e comecei a achar que ser como você esperava era a única maneira de ser alguém?
Espero me encontrar, soterrada entre nossas fotos amarelas e nossos sorrisos falsos. Entre meu novo medo, recém adquirido e entregue por você via encomenda postal. Espero que em algum momento eu consiga tirar memórias boas de tudo que vivemos, e que eu não pense que tudo foi uma imensa perda de tempo, espaço e alma.
Agora não. Agora não quero você, nem sua voz, nem as lembranças que tentam escapar da porta que fechei e trancafiei-as.Não quero suas palavras mentirosas e vazias, nem sua ironia toldada a hipocrisia e falta de amor próprio.
De você, eu esperava apenas a verdade. E até isso você me negou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Tem uma crítica, sugestão, dúvidas, dívida ou quer desabafar? Comente ou passe um e-mail: carvalho.flah@gmail.com. Seu comentário será submetido à moderação do administrador para mantermos o nível alcoólico dentro do aceitável.