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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Anestésico

A urgência dos teus beijos, às vezes, me tira o ar. Não que não me agrade à forma suave e apressada que nossas bocas se encontram, mas me parece que há tanta sofreguidão na maneira de sua língua procurar a minha!
O que acontece de tão complicado quando me abraça? Eu não vou fugir. Parei com este estratagema há  muito tempo. Entreguei a você toda capacidade de sentir que ainda me resta. Parece pouco? Talvez seja.
Realmente não respondi aquele SMS. Mas amor não é feito também de ausência? De saudade? E eu sou mesmo desligada para essas coisas. E frequentemente respondo no meu cérebro e me esqueço de externar para você.
Não se afobe de me ver todo dia. Haverá aquele instante que realmente não quero te ver, faz parte da minha alma taciturna e meu alter-ego mal amado.
Se que ser  ‘o cara certo’, não me apresse a curar minhas feridas e voltar a ser só sorrisos. Não é assim que a minha banda toca, e não tenho a ampulheta do tempo nas mãos.
Não brinque de ser meu anestésico, pois a dor passa, e com ela vai se embora a necessidade de remédio e fossa.
Fique apenas ao meu lado, e não se engane pensando que isto é um grande amor. Ainda não estou pronta para estrelar os grandes atos. Minha vida de atriz amorosa é uma falência completa de sensações, vivo como bicho: sou toda instinto de preservação.
Devo mesmo agir como quem tem medo de se molhar e olha a chuva pela janela. Mas por falta de uma desculpa melhor: Eu te avisei que meu coração estava em frangalhos, e disse que ia demorar a curar.

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