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domingo, 31 de outubro de 2010

A mulher que Sou

A mulher que sou hoje, não tem medo de escuro. Ri do que realmente acha graça, e fala ‘uhum’ sem abrir a boca.


A mulher que sou hoje gosta de romantismo e inteligência nas mensagens e cartas de amor. Alguns clichês indispensáveis e a intimidade que só as paixões nos dão.

A mulher que me tornei, sabe que não se pode ficar a margem: é necessário um mergulho profundo, se realmente queremos fazer algo verdadeiro. A mulher que habita meu corpo deseja profundamente o contato com esse fogo cálido que são seus braços envolvendo esta cintura.

Essa mulher morena que vejo pelo reflexo, se preocupa com o que se espera dela, mas se preocupa mais com o que vai pensar de si própria nos instantes em que sua alma não é tomada por outras presenças.

É uma mulher grande e pequena.

Insights de Bailarina

As velhas sapatilhas, esquecidas num canto qualquer da alma dela foram novamente vestidas. A música lenta, suave e velha conhecida, foi substituída por um ritmo novo e cadenciado. Era uma canção sobre saudade, chuva, sobre o que viria. Uma canção que, acorde a acorde, era desvendada em música e em dança.


A bailarina dentro dela despertava e era o equilíbrio perfeito entre sua lucidez e sua loucura. Era nova e velha. E era completamente devastadora.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Prosa e Poesia

É tão estranho que eu seja prosa, você poesia, e nossa rima case bem. Eu que sou olhares, e você, que é tão olho, tão ver. Eu que danço, e você que se balança sem compromisso.
Eu poso você registra. Eu canto você faz coro. Se eu chorasse, você riria. E no fim nós dois acharíamos graça.

O que eu encontraria se brincasse com meu tarot? Que lua fará nos próximos dias? Qual é a cor que mexerá com sua vontade de me ver de novo? Quantos olhares devo te jogar antes que você perceba que duas palavras valem mais do que três?


E sim, quero você. Mesmo.

sábado, 23 de outubro de 2010

O problema é o nosso silêncio

É querido. Quantas coisas cabem nos nossos silêncios? Quantos beijos não dados, quantos abraços quentes em noites febris? É nosso silêncio que me assusta. Não nossas palavras.


Como é relativo o tempo, afinal, ele passa rápido quando nos abrimos: confidentes um do outro, conhecedores de nossos respectivos medos. Mas, como ele brinca de se atrasar, como ele parece enorme e esmagador naqueles instantes em que fico muda a fitar seus olhos e esperar algo que sei você não pode me dar.

Nosso silêncio me faz pensar naquele dia, em que inocente rocei minha mão na sua nuca. Faz-me lembrar, do arrepio que nasceu no seu braço e veio aos meus dedos, inertes, parados no seu pescoço enquanto debruçava-me sobre você, carente e entregue a um enlace que nunca viria. Era eletricidade, e ela não estava nada estática.

AH! Porque nos devora o silêncio, não de palavras não ditas, mas de sensações não vividas? Porque olhá-lo é tão penoso, e não vê-lo é igualmente difícil? Você é meu doce, que está numa prateleira alta demais.

Sim, já dormi na sua cama e você já dormiu na minha. Não é estranho que nunca tenhamos dormido nelas ao mesmo tempo? Não é estranho que em tantos beijos que o vi distribuindo, eu não tenha me antecipado para receber algum? E você, não é estranho que não tenha roubado nenhum dos que eu gastei em bocas erradas?

Branca. Amo sua pele alva e seu cabelo rebelde. Não é intrigante que sua cútis não tenha, até hoje, conhecido o calor da minha? Que eu tenha gastado minha saliva e meu bom humor, para alegrar um rosto que não fosse o seu? Que seu cabelo não tenha se misturado ao meu e se molhado em nosso suor?

Me diz homem, você tão mais vivido, tão mais gente... Porque não foi? Porque simplesmente não aconteceu. Podia ter sido naquele dia em que dormi com sua camisa canarinho, frágil completamente vulnerável naquela imensidão amarela.

Podia ser nas inúmeras noites de bebidas geladas e conversas quentes. Deus sabe quanto eu gostaria que tivesse sido!

Muitas vezes, ao invés de sermos um, escolhemos em nossa matemática absurda sermos três, algumas vezes quatro. E seguimos somando é claro, mas muitas vezes dividindo demais uma coisa que era tão minha e sua!

Agora com o benefício do passado, posso dizer que sempre soube que íamos chegar a esse impasse. Acho que foi a forma que você andou, da porta até a mesa na primeira vez que te vi. Ou quem sabe em todas as pizzas de bacon que comemos, e nas cervejas quentes que tomamos, nos perfumes ruins que sentimos ou nos sambas que dançamos. O fato querido, é que eu sempre soube que nossa escola tinha um bom enredo, uma ótima comissão de frente... o que nos falta mesmo é a coragem para entrar na avenida.

Ainda acredito em promessas

Antes de abrir esta porta me prometa que nunca me achará gorda. Prometa que sempre estarei bem vestida pra você, mesmo que sejam pijamas e pantufas. Se for possível, me faça acreditar que nunca haverá mentiras entre nós, e que nossas verdades sempre nos aproximarão.


Antes de chegar de mansinho, tomando nos braços esse corpo, que já tem tempo não me pertence mais, saiba que no pacote vai junto uma mulher com passado e um coração mole: apaixono fácil, mas não nasci ontem.

Antes de me fazer tua, tente ser um pouco meu. Não me ache complicada por não saber o que quero: o que não quero, eu sei de cor.

Não exagere minhas virtudes, não menospreze meus defeitos. Sou feita de um equilíbrio, perigando de pender para um lado só (e nem sempre é pro lado bom).

Nunca diga que meu quadril é largo, ou que minhas pernas são finas. Na dúvida comente sobre meus olhos e meu cabelo.

Antes de colocar as malas no batente da porta, saiba que eu choro às vezes, Que tenho medo de escuro, e odeio dormir sozinha. Não entendo muito de futebol e amo livros. Não consigo manter minhas violetas vivas.

Se for entrar, que seja rápido. Feche a porta contra as intempéries do tempo e me aqueça no seu corpo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Isso é sobre o que nem foi

Isso não é mais sobre você e sua dificuldade de entender que Um mais outro representam dois. Isso não é sobre sua dificuldade de entender minha alma e meu sorriso franco. Isso não é se quer sobre minha fraqueza em dizer não para você e muito menos sobre a maneira como eu, sempre acabava achando que a culpa era minha.


Isso é sobre mim. Sobre minha mania de querer tudo pra ontem, ou anteontem quem sabe. É sobre minha dificuldade de entender que o que aconteceu foi realmente grande. De compreender que tenho direito à aquela lágrima que brota dos cantos dos meus olhos e teimo em dizer que é efeito da luz, fobia de claridade, mas que é raiva de você.

Isso é sobre me compreender, e saber que sou mais que a nora que sua mãe queria ter, mais que aquela que planejava ser mãe dos seus filhos, e mais do que aquela que você não soube saber o quanto te amava.

Isso é sobre minha alegria que se esvai como areia entre meus dedos calejados. É sobre minha alergia a músicas românticas e poemas de papel de bombom. É sobre quem eu sou quando você não está perto.

É sobre a mágoa que nasceu, e que de repente ocupa o espaço que até pouco tempo era tomado pelos nossos sonhos e pela confiança cega, surda e muda que eu depositava em você e no que sentia por mim.

Essas palavras são como tintas azuis, roxas e lilases, só que em tons funebres. Dão-me a sobriedade que preciso para entender que não há nós, há você e há eu. Essas palavras trazem minha nota inicial, para compor a melodia que serei daqui pra frente.

Passei os últimos tempos tentando usar um Band-aid florido para tampar a fratura exposta que tenho, e que você me deixou. E percebi agora que tenho todo o direito de ficar triste e magoada. De me sentir vazia e sem sentido, como pacote de biscoito depois que o último desce com leite pela garganta, como flores secas dentro de uma caixa esquecida: Quem foi que me deu essa flor mesmo? Que cor ela tinha quando ganhei? Flores secas sempre têm a cor do passado.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

É, Cansei.

Ando tão cansada de ser sempre sexy e irresistível, que me acho no direito desse desabafo.


Estou cansada de usar vermelho e preto, somente por serem cores que realçam minha pele clara e me dão ares de ‘banquete’. Estou cansada de me preocupar com o perfume que devo usar, e se meu rímel borrou ou não. De ter minhas pernas depiladas com furor, e de usar lingerie cara, cheia de laços complicados e rendas, e que na verdade, nunca são tiradas.

De preocupar com o jeito do cabelo, e não transpirar o estritamente necessário para me mostrar animada. Aliás, estou cansada de ser animada, quero uma tarde de chocolate quente e cobertor, e alguém que fique do meu lado sem querer meu corpo quente e minhas mãos hábeis.



Cansada estou, de conhecer amigos-de-amigos-de-amigos que não tem outra afinidade comigo além do estado civil no RG. Que não sabem quem sou e me julgam pelo pouco que seus olhos alcançam. AH! Eles não sabem quantas intrigas uma cintura fina esconde. Quantas tristezas encontram-se entre meus quadris e o desenho de minhas pernas. Não imaginam o que existe dentro dessa cabeça coroada com uma cabeleira negra e ondulada, eles se concentram na minha boca rosada e no meu movimento, programado para seduzir.



E seduzo sim, sem perceber. Ouço constantemente um murmúrio de inquietação a esse respeito. Mas o fato é que de sorrisos e olhares é que se fazem as mulheres.



Mas não se engane, não estou aqui para isso.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Anestésico

A urgência dos teus beijos, às vezes, me tira o ar. Não que não me agrade à forma suave e apressada que nossas bocas se encontram, mas me parece que há tanta sofreguidão na maneira de sua língua procurar a minha!
O que acontece de tão complicado quando me abraça? Eu não vou fugir. Parei com este estratagema há  muito tempo. Entreguei a você toda capacidade de sentir que ainda me resta. Parece pouco? Talvez seja.
Realmente não respondi aquele SMS. Mas amor não é feito também de ausência? De saudade? E eu sou mesmo desligada para essas coisas. E frequentemente respondo no meu cérebro e me esqueço de externar para você.
Não se afobe de me ver todo dia. Haverá aquele instante que realmente não quero te ver, faz parte da minha alma taciturna e meu alter-ego mal amado.
Se que ser  ‘o cara certo’, não me apresse a curar minhas feridas e voltar a ser só sorrisos. Não é assim que a minha banda toca, e não tenho a ampulheta do tempo nas mãos.
Não brinque de ser meu anestésico, pois a dor passa, e com ela vai se embora a necessidade de remédio e fossa.
Fique apenas ao meu lado, e não se engane pensando que isto é um grande amor. Ainda não estou pronta para estrelar os grandes atos. Minha vida de atriz amorosa é uma falência completa de sensações, vivo como bicho: sou toda instinto de preservação.
Devo mesmo agir como quem tem medo de se molhar e olha a chuva pela janela. Mas por falta de uma desculpa melhor: Eu te avisei que meu coração estava em frangalhos, e disse que ia demorar a curar.

domingo, 3 de outubro de 2010

É, Amarga sim.

O vento na minha janela parece o ruído do choro molhado de alguém que passou por tudo. Do lado de dentro, meu único acalento é minha própria companhia e minha imagem refletida no espelho. Olho e procuro ver além dos meus olhos. Procuro toda aquela minha velha confiança e a certeza de que o amor é pra sempre e a dor é passageira.


Você me ensinou a lição mais dura que já aprendi. Ensinou que meus pés não devem parar de tocar o chão, e que meus olhos devem sempre permanecer abertos, e meus braços selados. Ensinou-me que a melhor forma de tornar alguém cego é fazê-lo confiar indubitavelmente em tudo que se diz, e me fez esquecer tudo aquilo que eu gostava e prezava de verdade.

Sei que quando amamos procuramos nos moldar ao que o outro espera de nós, mas em que momento eu deixe de apenas aceitar resignadamente e comecei a achar que ser como você esperava era a única maneira de ser alguém?

Espero me encontrar, soterrada entre nossas fotos amarelas e nossos sorrisos falsos. Entre meu novo medo, recém adquirido e entregue por você via encomenda postal. Espero que em algum momento eu consiga tirar memórias boas de tudo que vivemos, e que eu não pense que tudo foi uma imensa perda de tempo, espaço e alma.

Agora não. Agora não quero você, nem sua voz, nem as lembranças que tentam escapar da porta que fechei e trancafiei-as.Não quero suas palavras mentirosas e vazias, nem sua ironia toldada a hipocrisia e falta de amor próprio.

De você, eu esperava apenas a verdade. E até isso você me negou.

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