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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mineirinha

Não é que tenha desacreditado no amor, ou coisa do tipo. Na sua casa há um altar com rosas vermelhas, dedicado a todos os amores que passaram por ali. Com forro rendado e vela de alcaçuz, para na tessitura da renda caber todas as memórias e alcaçuz pra deixar no ar aquele cheiro doce de coisa boa que passou.


Banha-se em alecrim, e põem uma rosa no cabelo. Canela na carteira pra atrair dinheiro e novo amor. Mas não atrai é nada. Fim do mês e ela tá sem grana, em casa: com altar cheio e coração vazio.

Mas não desiste. Porque em algum lugar desse mundão de Deus deve haver alguém pra ficar junto. Alguém pra rir, derramar chocolate e brincar de lamber a bochecha. Tem que haver um tiquitinho de loucura nesse seu mundo tão lúcido. De lucidez, já chega a sua.

Vestido novo, cabelo novo, pulseira nova. Mas o coração é velho. Tá cansado de buscar alguma coisa inteira no meio desse tanto de retalhos, de remendar pedacinhos de pano tom-sob-tom para ver se vira uma coisa só. E num vira nada!

Essa moça não se esforça pro amor chegar, mas se chegasse ouxi. Que bom seria! E vive na expectativa de que, sem esperar ele apareça. E no fim, vira tudo uma expectativa ansiosa que só, e no fim ela espera, que espera. Namoradeira na janela. Senta, pés soltos no ar e namora a vida passar.

Mas do amor verdadeiro não desacredita. É igual cabeça de bacalhau: Nunca viu, mas que existe,existe.

Um comentário:

  1. Uma vez li que só não temos algo porque nao nos permitimos se permita moça,as "coisas" são o que voce quiser que ela sejam.

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