Sentada sob o encosto do banco naquele parque, apoiando os pés no verdadeiro assento, eu me sinto transgredindo regras. O ipê, antes amarelo, me parece pálido e distante. Suas flores, de cor viva, me são tão apáticas quanto seu tronco. E transgrido seu espaço, gosto e meu tempo.
Eu preciso de alguma transgressão. Preciso de uma insubordinação possível para dosar minha vontade de cometer absurdos, com minha razão atrapalhada. Para me servir de válvula de escape, na impossibilidade de escapar de me perder mais profundamente em tudo que realmente me tem valor. E olha, eu sou daquelas que não vê problema algum em ficar “fora de si” de vez em quando.
É certo que algumas pessoas pensam que as regras foram feitas para serem cumpridas, mas estou quase certa de que elas existem para serem quebradas, não é mesmo? Eu não mereço fugir dos padrões algumas vezes?
Eu tenho que percorrer meus dedos sobre sua pele para te arrepiar. Você me arrepia só com sua presença. Perturbador. Você bagunça meu ciclo lunar, me causa tsunamis, derruba encostas e destrói algo em mim no caminho pelo qual passa. E se eu tivesse juízo, dava as costas e sairia correndo, mas quem disse que tenho?
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