Eu nunca quis te espremer. Nunca achei que ia chegar a seu sumo, sua essência te apertando, balançando as mãos e estendendo uma coleirinha dourada com um ‘F’ lustroso. Eu sei que amor é liberdade e nunca estive disposta a gastar a minha para tornar alguém meu refém. Sei que quem aprisiona, torna-se algoz de si, e transforma sua própria vida num cárcere. Eu sou de amar livremente, mas sou de amar. Entendeu?
De imperdoáveis ficarão a sua benquerença pelo cara da Tropicália ao invés do rapaz de olhos azuis; sua alma taciturna e seus anos que pesavam em dobro. Às vezes acho que você tem a alma mais velha que o corpo. Sua falta de imprevisibilidade, sua necessidade de ter rota certa; que contrastavam tão grandemente com meus 24 anos e minha necessidade de surpresa e chocolate em horas inesperadas. Eu quero muito o inesperado. De imperdoáveis ficarão as palavras não ditas e o bis daquela canção que você tocou pra mim e não me deu o gosto de ouvir uma segunda vez. Mas nossa vida é cheia de promessas não cumpridas, e não vou manchar a capa com detalhes do capítulo final.
Amores de verão são como canções inacabadas: sempre falta alguma coisa, e isso é literal. No nosso caso faltou vontade. Vontade de ter coragem, vontade de querer mais. Eu não quis, você não quis, e fizemos um acordo mudo de não nos querermos mais.
Faltou vontade de mais torradas e chá, chorinho. Faltou seu medo ser menor e meu desejo de fazer dar certo ultrapassar a minha apatia por romances mornos. Eu te disse que não sou de purgatório e você quis me entregar uma passagem só de ida pra lá. E se você é bom em se esquivar de substantivos, eu sou ótima em fugir da falta completa deles.
Nossas afinidades são imensas, mas nossas diferenças são apoteóticas também. Minha melhor amiga senta na frente no táxi, eu estico a mão e peço o garçom outra cerveja. Eu não me indigno com essas coisas, eu acho normal. E você se choca tanto com pequenos detalhes! E assim, de certa forma, sua letra muito rebuscada não coube bem na minha melodia cheirando a samba.
Você gastou muito tempo e energia em me manter a distância do seu coração, e não percebeu que pouco a pouco perdeu o espaço que tinha ganhado no meu. ‘Querer’ precisa ser regado para florescer, e você se preocupou em colocar cerca antes da semente germinar, matando qualquer chance de ir além do que para você era seguro e palpável.
Não se zangue por eu querer bem mais que uma estação chuvosa. Eu tenho tempo, mas não estou disposta a gastar com amores que não cheguem a virar letras de manhã, poemas de tarde ou sussurros de madrugada.
Ja estava sentindo falta de seus textos,o lado bom de se ter internet,quando encontramos algo bom de verdade para ler
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