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sábado, 18 de dezembro de 2010

Chove lá fora

Fecha a janela amor, que a chuva está entrando. Entrando sem que eu permita, e molhando com suas gotas geladas a minha face, misturando-se arteira às minhas lágrimas quentes e te confundindo. Eu choro, não é só a chuva. Choro porque aqui dentro há algo que não consigo transmutar em palavras.


Pela fresta aberta o vento uiva, trazendo em seu bailar as palavras que se entravaram em minha garganta. Garganta seca, ressequida. E as palavras que eu falo nem sempre tem o sentindo que eu queria que tivessem.

Fecha a janela, porque a chuva me trás lembranças, me acentua os medos, me angustia, e hoje eu quero deixar toda essa multidão de aflições do lado de fora. Quero dizer um eu te amo descompromissado, e sem peso. Quero colocar pra fora o que pesa em mim, o que eu queria dizer e não sei como.

Palavras não me bastam, e preciso transgredir minhas sílabas e letras e torná-las palpáveis. Preciso te abraçar forte e na curva dos teus braços encaixar minha miudeza e minha alma de menina. Quero envolver seu pescoço com todas as minhas fantasias, e tornar sua alma um playground de alegria, amor e cumplicidade.

Fecha a janela, que aqui dentro há uma música baixinha, uma prece silenciosa para que o mundo gire no sentido contrário. Para que tudo que é difícil não mais o seja. E, se for pra poder te beijar sempre que eu quiser, eu perco até esse medo de adjetivos.

E enquanto chove lá fora, deixa que o Sol reine aqui dentro, brilhando seu amarelo- acácias no seu sorriso de algodão. Brilhante como estes olhos que se encontram no silêncio das promessas não feitas, mas que serão cumpridas.

Fecha a janela e se aconchegue nos meus braços.

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