Sinto-me tão menos humana, tanto menos feliz.
Sinto como se minha velha inocência tivesse ido embora e me deixado na beira do abismo onde o outro lado é um deserto seco e estéril. Não posso permanecer onde estou, e ao mesmo tempo sei que o que me espera pode não ser tão suave quanto eu gostaria.
Queria ter a certeza de que a outra margem esconde, em seu calor e secura, algum oásis onde poderei lavar-me, secar minhas lagrimas e conseguir algum alento para minhas dores.
Eu queimo. Ardo por dentro com minhas dúvidas. Anseio por saciar uma sede que me devora, e que é uma sede de saber. Vivo na incerteza, com medo. Medo de que o que há a frente seja mais atemorizante do que a incerteza que tenho hoje.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Eu, a Lucidez e a Loucura
Minha loucura nunca me cega, mas me faz achar que a lucidez é uma companheira tão indesejada quanto a ressaca.
Minha lucidez nunca me deixa completamente triste, mas a felicidade que ela trás é banhada por juízo demais para ser plena.
Minha loucura quase sempre me deixa livre, mas às vezes me aprisiona em sua suave dança do ‘tudo-pode’.
Minha lucidez me endurece, mas torna válidas todas as minhas cicatrizes.
Minha lucidez não nasceu velha, mas tornei-a amadurecida dia após dia, em cada vez que meu lado adulto tinha que tomar conta da criança medrosa que eu ainda era.
Minha loucura nem sempre é genial, é muitas vezes simplória demais para entender a plenitude das coisas, mas é sempre tão deliciosa quanto tudo que é realmente bom pode ser.
A lucidez que possuo não me torna menos eu, e a loucura que eu mantenho nunca é demais para meu equilíbrio.
Minha loucura é uma bailarina, mas também advoga por algumas causas.
Minha lucidez é uma advogada, mas dança algumas vezes com a vida.
Eu sou loucura e lucidez, e são as duas que me formam, me transformam, me reformam e me transmutam. A cada dia me reinvento na minha receita de dois ingredientes, que ora tende a um, ora tende a outro.
Não tenho medo de mudanças, esta é minha constante. O que temo são escolhas. Escolher entre a lucidez sensata e a loucura inata me corroem e me tira a linha tênue que equilibra as duas parte do que sou.
Mas minha lucidez não é tão velha e nem minha loucura é tão insensata a ponto de não ponderarem sobre medidas e porções. E me percebo dividida entre o que é certo e o que é bom, e nenhuma das duas me parece uma má escolha.
Minha lucidez nunca me deixa completamente triste, mas a felicidade que ela trás é banhada por juízo demais para ser plena.
Minha loucura quase sempre me deixa livre, mas às vezes me aprisiona em sua suave dança do ‘tudo-pode’.
Minha lucidez me endurece, mas torna válidas todas as minhas cicatrizes.
Minha lucidez não nasceu velha, mas tornei-a amadurecida dia após dia, em cada vez que meu lado adulto tinha que tomar conta da criança medrosa que eu ainda era.
Minha loucura nem sempre é genial, é muitas vezes simplória demais para entender a plenitude das coisas, mas é sempre tão deliciosa quanto tudo que é realmente bom pode ser.
A lucidez que possuo não me torna menos eu, e a loucura que eu mantenho nunca é demais para meu equilíbrio.
Minha loucura é uma bailarina, mas também advoga por algumas causas.
Minha lucidez é uma advogada, mas dança algumas vezes com a vida.
Eu sou loucura e lucidez, e são as duas que me formam, me transformam, me reformam e me transmutam. A cada dia me reinvento na minha receita de dois ingredientes, que ora tende a um, ora tende a outro.
Não tenho medo de mudanças, esta é minha constante. O que temo são escolhas. Escolher entre a lucidez sensata e a loucura inata me corroem e me tira a linha tênue que equilibra as duas parte do que sou.
Mas minha lucidez não é tão velha e nem minha loucura é tão insensata a ponto de não ponderarem sobre medidas e porções. E me percebo dividida entre o que é certo e o que é bom, e nenhuma das duas me parece uma má escolha.
sexta-feira, 13 de março de 2009
O grande amor
Quando um grande amor termina, porque sim, pasmem! Até os amores perfeitos tem um fim, fica dentro de nós um vazio imenso.
O primeiro passo é uma compulsão desnecessária de saber se o outro está bem sem você. De saber se você faz tanta falta quanto ele faz para você. De saber se há alguém ali naquele lugar que a bem pouco tempo foi seu.
Se o grande amor termina com decepção, o vazio é preenchido com raiva. Afinal, quão injusta é a vida, você ali, só beijos e carinhos e pombas, vem à senhora desilusão e te arranca tudo. Nessas horas a raiva, não do outro, mas muitas vezes de você mesmo preenche o espaço que o ‘amor eterno’ deixou vago.
Quando o grande amor chega à data de expiração, quando a versão Trial chega ao fim, e se chega à conclusão de que não era o ‘software’ adequado, fica aquela sensação de que há espaço demais. Que tudo que se quis, que se imaginou ou previu se esvaiu rápido.
Quando o amor vai, há de se esperar o tempo para o coração, velho guerreiro, se adaptar a não ter mais aquele ser para amar. E nessas horas há quem julgue certo encontrar o ser substituto. Um Ursinho, um ex namorado carinhoso, um amigo querido, cachorro, gato papagaio. Mas não. Nem adianta. É como comer bananinha pra matar a vontade de comer chocolate: mata a vontade por doce, mas não te dá o mesmo prazer.
Assim que o grande amor bate a porta atrás de si, quando as coisas dele foram tiradas, quando as lembranças boas estão vívidas, mas imbuídas em meio a um ciclone de lembranças do porque de não estarem mais juntos, é normal uma ira sobre-humana que te faz rasgar fotos, cartas velhas, e botar fogo impiedosamente no ursinho de pelúcia que aquele safado-cachorro-semvergonha te deu. Isso acontece porque junto com as malas e a mudança, o grande amor levou nossos sonhos que sonhamos juntos, nossas alegrias que planejamos e aquela viagem a Espanha há muito presente nas conversas de domingo à noite.
Quando o grande amor se vai, o vazio não é de saudade dele. É de saudade do que você sentia, é de saudade pelo que nem foi, mas que poderia ter sido.
O importante é não fechar a porta por onde o Grande amor passou. Afinal, amores existem vários, de várias formas, tamanhos e cores. E não se desespere, o próximo grande amor vai ser melhor que esse, pois nós temos a mania de aprender com erros passados, e é claro, de com isso inventar erros novos.
Quando o grande amor se for, e sair de você a melancolia do eco que o batente da porta fez, varra cada canto de sua alma, e saiba que amores vêm e vão. E que somos um tipo de máquina perfeita demais para ficar se entregando a reclusão e a tristeza. Preparem-se sempre pra novos grandes amores, sabendo que nenhum é igual ao outro, e todos terão o seu sabor favorito, serão pra vida inteira, e serão “infinitos enquanto durem”.
O primeiro passo é uma compulsão desnecessária de saber se o outro está bem sem você. De saber se você faz tanta falta quanto ele faz para você. De saber se há alguém ali naquele lugar que a bem pouco tempo foi seu.
Se o grande amor termina com decepção, o vazio é preenchido com raiva. Afinal, quão injusta é a vida, você ali, só beijos e carinhos e pombas, vem à senhora desilusão e te arranca tudo. Nessas horas a raiva, não do outro, mas muitas vezes de você mesmo preenche o espaço que o ‘amor eterno’ deixou vago.
Quando o grande amor chega à data de expiração, quando a versão Trial chega ao fim, e se chega à conclusão de que não era o ‘software’ adequado, fica aquela sensação de que há espaço demais. Que tudo que se quis, que se imaginou ou previu se esvaiu rápido.
Quando o amor vai, há de se esperar o tempo para o coração, velho guerreiro, se adaptar a não ter mais aquele ser para amar. E nessas horas há quem julgue certo encontrar o ser substituto. Um Ursinho, um ex namorado carinhoso, um amigo querido, cachorro, gato papagaio. Mas não. Nem adianta. É como comer bananinha pra matar a vontade de comer chocolate: mata a vontade por doce, mas não te dá o mesmo prazer.
Assim que o grande amor bate a porta atrás de si, quando as coisas dele foram tiradas, quando as lembranças boas estão vívidas, mas imbuídas em meio a um ciclone de lembranças do porque de não estarem mais juntos, é normal uma ira sobre-humana que te faz rasgar fotos, cartas velhas, e botar fogo impiedosamente no ursinho de pelúcia que aquele safado-cachorro-semvergonha te deu. Isso acontece porque junto com as malas e a mudança, o grande amor levou nossos sonhos que sonhamos juntos, nossas alegrias que planejamos e aquela viagem a Espanha há muito presente nas conversas de domingo à noite.
Quando o grande amor se vai, o vazio não é de saudade dele. É de saudade do que você sentia, é de saudade pelo que nem foi, mas que poderia ter sido.
O importante é não fechar a porta por onde o Grande amor passou. Afinal, amores existem vários, de várias formas, tamanhos e cores. E não se desespere, o próximo grande amor vai ser melhor que esse, pois nós temos a mania de aprender com erros passados, e é claro, de com isso inventar erros novos.
Quando o grande amor se for, e sair de você a melancolia do eco que o batente da porta fez, varra cada canto de sua alma, e saiba que amores vêm e vão. E que somos um tipo de máquina perfeita demais para ficar se entregando a reclusão e a tristeza. Preparem-se sempre pra novos grandes amores, sabendo que nenhum é igual ao outro, e todos terão o seu sabor favorito, serão pra vida inteira, e serão “infinitos enquanto durem”.
quinta-feira, 12 de março de 2009
ai ai ai
Uma vez li por ai que o Drummond anda falando que quem não tem namorado, tirou férias de si mesmo. Ai Drummond, eu não queria, mas vou ter que discordar!
Namorado é um conceito relativo. Descobri que Einstenn estava sempre certo, afinal tudo é relativo. O importante não é estar junto a alguém, mas junto a si mesmo. Ai eu concordo. Se não está junto de você, é porque sua outra parte está por ai tirando férias de você.
Meninas e meninos, atenção! Isso de metade da laranja é mito. O amor existe, está ai esperando você bem do lado de fora dessas paredes do escritório, mas o amor só existe quando não é preciso depender dele.
Há quem diga que o outro te completará. Que vocês serão yng e yang, arroz e feijão, mas a verdade é que amor entre pessoas muito diferentes só dá certo mesmo nos contos de fadas ( ou nem neles, né?). Alguém para amar, é alguém que saberá compartilhar gostos, desejos, papos, livros. Nada de cópia inautêntica de você mesmo! O que importa é a afinidade, essa palavrinha esquisita e que assola os apaixonados.
Sem afinidade não há amor que prospere. A afinidade está para o amor, assim como a Madonna para as botas de cano alto. Perfeito. E a afinidade é a liga desse bolo “solado” que chamamos de amor eterno.
Antes de buscar um amor do lado de fora, antes de pensar que você tem que estar enamorada por alguém para não se perder nesse labirinto de opções, é imprescindível achar você mesma. Buscar em velhos recortes, em velhos hábitos, em velhas manias. E quando não se encontrar em nada disso, criar recortes, hábitos e manias novas.
Alguém que depende de você para ser feliz nunca te amará, pois amor é confiança, é liberdade é o não depender. Quem só é feliz quando vê o namorado deve ter que fazer Cooper com Ipod para não ouvir suas próprias idéias. É o tipo de pessoa que desaprendeu, ou nunca soube, que felicidade vem de dentro, e que amor próprio é o primeiro tijolinho para uma relação que dê certo.
Alguns chamarão de desilusão, falta de fé ou de esperança, mas a verdade é que aprendi que nada que não comece por algum pontinho dentro de você tem realmente importância. Egoísmo? Egocentrismo?Ego.. ego. Não. Esse é o compreender que todo ser humano nasceu com o direto perene à liberdade e a vida, e todo sentimento que aprisiona viola o direito sacrossanto de amar de verdade.
É Drummond, talvez eu não tenha te entendido bem, meu velho amigo! Talvez você estivesse falando do ‘estar enamorado de si mesmo’. E sendo assim, dô o braço a torcer. Você sabia mesmo das coisas.
Namorado é um conceito relativo. Descobri que Einstenn estava sempre certo, afinal tudo é relativo. O importante não é estar junto a alguém, mas junto a si mesmo. Ai eu concordo. Se não está junto de você, é porque sua outra parte está por ai tirando férias de você.
Meninas e meninos, atenção! Isso de metade da laranja é mito. O amor existe, está ai esperando você bem do lado de fora dessas paredes do escritório, mas o amor só existe quando não é preciso depender dele.
Há quem diga que o outro te completará. Que vocês serão yng e yang, arroz e feijão, mas a verdade é que amor entre pessoas muito diferentes só dá certo mesmo nos contos de fadas ( ou nem neles, né?). Alguém para amar, é alguém que saberá compartilhar gostos, desejos, papos, livros. Nada de cópia inautêntica de você mesmo! O que importa é a afinidade, essa palavrinha esquisita e que assola os apaixonados.
Sem afinidade não há amor que prospere. A afinidade está para o amor, assim como a Madonna para as botas de cano alto. Perfeito. E a afinidade é a liga desse bolo “solado” que chamamos de amor eterno.
Antes de buscar um amor do lado de fora, antes de pensar que você tem que estar enamorada por alguém para não se perder nesse labirinto de opções, é imprescindível achar você mesma. Buscar em velhos recortes, em velhos hábitos, em velhas manias. E quando não se encontrar em nada disso, criar recortes, hábitos e manias novas.
Alguém que depende de você para ser feliz nunca te amará, pois amor é confiança, é liberdade é o não depender. Quem só é feliz quando vê o namorado deve ter que fazer Cooper com Ipod para não ouvir suas próprias idéias. É o tipo de pessoa que desaprendeu, ou nunca soube, que felicidade vem de dentro, e que amor próprio é o primeiro tijolinho para uma relação que dê certo.
Alguns chamarão de desilusão, falta de fé ou de esperança, mas a verdade é que aprendi que nada que não comece por algum pontinho dentro de você tem realmente importância. Egoísmo? Egocentrismo?Ego.. ego. Não. Esse é o compreender que todo ser humano nasceu com o direto perene à liberdade e a vida, e todo sentimento que aprisiona viola o direito sacrossanto de amar de verdade.
É Drummond, talvez eu não tenha te entendido bem, meu velho amigo! Talvez você estivesse falando do ‘estar enamorado de si mesmo’. E sendo assim, dô o braço a torcer. Você sabia mesmo das coisas.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Algo sobre amores que se vão
Eu odeio.
Odeio imaginar que as nossas frases gastas e velhos clichês são os mesmos que sempre usamos.
Odeio pensar que trocam-se nomes e rostos, mas frases e antigas brincadeiras de amor permanecem. Odeio acreditar que os olhos brilhem com o mesmo estupor.
Odeio pensar que as apostas são as mesmas.
Odeio imaginar que teu coração acelera da mesma forma. Odeio imaginar que o mundo gira sempre pro mesmo lado e que inevitavelmente eu terei que conviver com a verdade absoluta de que uma dessas voltas pode me trazer de volta ao mesmo lugar.
Odeio pensar que não há criatividade e que você só repinta coisas que te ensinei para aplicar aos seus novos amores.
Odeio ter a certeza de que contos de fadas tão mais pra "clara das neves" que "branca de neve", e que o principe vai mesmo fugir com o Dunga que é gay ou dar um trato na madrasta.
Odeio ver por todos os cantos do teu castelo de quatro paredes fotos de outras pessoas coladas sobre as minhas, numa tentativa inóspita de usar outro rosto para encontrar um antigo sentimento que você e eu não temos mais vontade de correr atrás.
Odeio, tenho asco pela sua mania idiota de ser o mesmo sempre.
Odeio imaginar que as nossas frases gastas e velhos clichês são os mesmos que sempre usamos.
Odeio pensar que trocam-se nomes e rostos, mas frases e antigas brincadeiras de amor permanecem. Odeio acreditar que os olhos brilhem com o mesmo estupor.
Odeio pensar que as apostas são as mesmas.
Odeio imaginar que teu coração acelera da mesma forma. Odeio imaginar que o mundo gira sempre pro mesmo lado e que inevitavelmente eu terei que conviver com a verdade absoluta de que uma dessas voltas pode me trazer de volta ao mesmo lugar.
Odeio pensar que não há criatividade e que você só repinta coisas que te ensinei para aplicar aos seus novos amores.
Odeio ter a certeza de que contos de fadas tão mais pra "clara das neves" que "branca de neve", e que o principe vai mesmo fugir com o Dunga que é gay ou dar um trato na madrasta.
Odeio ver por todos os cantos do teu castelo de quatro paredes fotos de outras pessoas coladas sobre as minhas, numa tentativa inóspita de usar outro rosto para encontrar um antigo sentimento que você e eu não temos mais vontade de correr atrás.
Odeio, tenho asco pela sua mania idiota de ser o mesmo sempre.
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