Quando um grande amor termina, porque sim, pasmem! Até os amores perfeitos tem um fim, fica dentro de nós um vazio imenso.
O primeiro passo é uma compulsão desnecessária de saber se o outro está bem sem você. De saber se você faz tanta falta quanto ele faz para você. De saber se há alguém ali naquele lugar que a bem pouco tempo foi seu.
Se o grande amor termina com decepção, o vazio é preenchido com raiva. Afinal, quão injusta é a vida, você ali, só beijos e carinhos e pombas, vem à senhora desilusão e te arranca tudo. Nessas horas a raiva, não do outro, mas muitas vezes de você mesmo preenche o espaço que o ‘amor eterno’ deixou vago.
Quando o grande amor chega à data de expiração, quando a versão Trial chega ao fim, e se chega à conclusão de que não era o ‘software’ adequado, fica aquela sensação de que há espaço demais. Que tudo que se quis, que se imaginou ou previu se esvaiu rápido.
Quando o amor vai, há de se esperar o tempo para o coração, velho guerreiro, se adaptar a não ter mais aquele ser para amar. E nessas horas há quem julgue certo encontrar o ser substituto. Um Ursinho, um ex namorado carinhoso, um amigo querido, cachorro, gato papagaio. Mas não. Nem adianta. É como comer bananinha pra matar a vontade de comer chocolate: mata a vontade por doce, mas não te dá o mesmo prazer.
Assim que o grande amor bate a porta atrás de si, quando as coisas dele foram tiradas, quando as lembranças boas estão vívidas, mas imbuídas em meio a um ciclone de lembranças do porque de não estarem mais juntos, é normal uma ira sobre-humana que te faz rasgar fotos, cartas velhas, e botar fogo impiedosamente no ursinho de pelúcia que aquele safado-cachorro-semvergonha te deu. Isso acontece porque junto com as malas e a mudança, o grande amor levou nossos sonhos que sonhamos juntos, nossas alegrias que planejamos e aquela viagem a Espanha há muito presente nas conversas de domingo à noite.
Quando o grande amor se vai, o vazio não é de saudade dele. É de saudade do que você sentia, é de saudade pelo que nem foi, mas que poderia ter sido.
O importante é não fechar a porta por onde o Grande amor passou. Afinal, amores existem vários, de várias formas, tamanhos e cores. E não se desespere, o próximo grande amor vai ser melhor que esse, pois nós temos a mania de aprender com erros passados, e é claro, de com isso inventar erros novos.
Quando o grande amor se for, e sair de você a melancolia do eco que o batente da porta fez, varra cada canto de sua alma, e saiba que amores vêm e vão. E que somos um tipo de máquina perfeita demais para ficar se entregando a reclusão e a tristeza. Preparem-se sempre pra novos grandes amores, sabendo que nenhum é igual ao outro, e todos terão o seu sabor favorito, serão pra vida inteira, e serão “infinitos enquanto durem”.
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