Páginas

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Eu, a Lucidez e a Loucura

Minha loucura nunca me cega, mas me faz achar que a lucidez é uma companheira tão indesejada quanto a ressaca.

Minha lucidez nunca me deixa completamente triste, mas a felicidade que ela trás é banhada por juízo demais para ser plena.

Minha loucura quase sempre me deixa livre, mas às vezes me aprisiona em sua suave dança do ‘tudo-pode’.

Minha lucidez me endurece, mas torna válidas todas as minhas cicatrizes.

Minha lucidez não nasceu velha, mas tornei-a amadurecida dia após dia, em cada vez que meu lado adulto tinha que tomar conta da criança medrosa que eu ainda era.

Minha loucura nem sempre é genial, é muitas vezes simplória demais para entender a plenitude das coisas, mas é sempre tão deliciosa quanto tudo que é realmente bom pode ser.

A lucidez que possuo não me torna menos eu, e a loucura que eu mantenho nunca é demais para meu equilíbrio.

Minha loucura é uma bailarina, mas também advoga por algumas causas.

Minha lucidez é uma advogada, mas dança algumas vezes com a vida.

Eu sou loucura e lucidez, e são as duas que me formam, me transformam, me reformam e me transmutam. A cada dia me reinvento na minha receita de dois ingredientes, que ora tende a um, ora tende a outro.

Não tenho medo de mudanças, esta é minha constante. O que temo são escolhas. Escolher entre a lucidez sensata e a loucura inata me corroem e me tira a linha tênue que equilibra as duas parte do que sou.

Mas minha lucidez não é tão velha e nem minha loucura é tão insensata a ponto de não ponderarem sobre medidas e porções. E me percebo dividida entre o que é certo e o que é bom, e nenhuma das duas me parece uma má escolha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tem uma crítica, sugestão, dúvidas, dívida ou quer desabafar? Comente ou passe um e-mail: carvalho.flah@gmail.com. Seu comentário será submetido à moderação do administrador para mantermos o nível alcoólico dentro do aceitável.

Se gostou desse texto, pode gostar desses: