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sábado, 17 de setembro de 2011

Tá tudo Nebuloso

O dia amanheceu nublado e na minha cama os lençois nebulosos ainda guardam o aroma e o sabor do seu corpo curvilíneo sobre o meu. Não me levanto da cama desde sábado e na minha frágil imitação de Lennon, falta uma Yoko e vontade para transformar o que sinto em música.


Já tentei me erguer e soterrar sobre o peso da ‘vida-pra-levar’ este nó que está no meu peito e tem a força de empurrar minha cabeça ao travesseiro. Mas não há empuxo no oxigênio ao meu redor que consiga exercer poder o bastante para levantar a mim, minha alma e esse outro sentimento que entrou sem ser convidado, mas que não conserva mais ares de visita.

Eu andei procurando mil motivos para te ter entre minhas vontades e para largar sua perna direita afastanda da esquerda - qualquer motivo que não fosse aquele substantivo inominável de quatro letras e muitas faces, mas perdi meu equilíbrio e esse cara velho de guerra, escolado da vida – ao inclinar o corpo para o seu, sentiu que tinha dois corações no peito ao invés de um. Pronto, bagunça feita.

O que me prende ao travesseiro é a coragem – ou melhor, a falta dela. Esta força que não tenho de bater na sua porta e dizer de cara limpa o que a minha cara suja no espelho ao pé da cama não se cansa de me gritar: Ok seu grande babaca, você se apaixonou por ela.

Agora ando de controle remoto na mão. Por uma questão de gênero eu preciso ter controle sobre algo, nem que seja a tv desligada e que não tenho pique se quer de ligar – Mudar qualquer coisa arruinaria a atmosfera que criei e que chega perto de ser alguma ordem em todo este caos. Apertar um botão poderia me levar a apertar os 8 dígitos que compoem seu número e eu falaria com voz trêmula e rouca que tentei de tudo, mas você grudou em mim como chicletes e que preciso ter de volta aquele sorriso perigoso e a mecha que cai do seu cabelo e que me faz refém.

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