De noite antes de dormir, enquanto o mundo choraminga do lado de fora da janela lembrando o dia chuvoso que chegou para encerrar a semana igualmente chuvosa que passou, eu sinto a falta dele de forma tateável.
É uma saudade sem cor de algo que não cheguei a saber o sabor que tinha,o gosto que tem. Nem sei bem quais os planos que ele tinha pra amanhã, mas eu pensava que amanhecer e olhar em suas pupilas já era o bastante, e seu sorriso tinha o dom de iluminar todo o meu mundo.
Ele não tinha o que me oferecer. Nem amor ele sabia bem o que era. Parecia-lhe algo fantástico que se comprava em lojas elegantes num shopping qualquer. E eu fui brincando de usar minha pena para escrever a história dele grudada na minha, e entrelaçando os vês e os is, surgiu um amor, que de tão bonito, nem mesmo aconteceu. Ficou preso entre a vontade e a impossibilidade.
Era algo de fábulas e histórias, não tinha forma ou jeito e entre todos os meus defeitos e as coisas que ele não conhecia do meu mundo, o que sentíamos se perdeu sem ter ao menos acontecido. Nosso enredo não se estendeu além do “era uma vez”.
Hoje vejo pelas ruas as folhas secas que se vão, carregadas pelo vento e que levam consigo o tom amarelado do seu cabelo rebelde. E na imensidão dos destinos paralelos que não aconteceram, o sorriso dele ainda brilha seu branco metálico próximo ao meu riso amarelo, num reflexo obtuso de uma felicidade que não nos pertenceu.
O pequeno principe disse certa vez que olharia os campos de trigo e se lembraria da raposa por causa de sua cor. A flor envolta na redoma também o havia cativado e seria para sempre sua. E lendo as palavras dele eu me pego pensando que, olhando as folhas secas do fim de estação, eu sempre lembrarei dele.
Muito bonito Flah! Adorei!
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