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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Tá sempre por aqui, mas não é daqui.


Ela me ligava quando ele a magoava. Eu era um tipo de vingança e subterfúgio, uma vingança de suor, línguas molhadas e olhares tenros, mas sim, vingança e fuga.
No fim ela saia se odiando por ter entrado no ciclo de novo e eu torcendo todos os dedos para que eles brigassem outra vez, que brigassem pra sempre. Quero ela só pra mim.

Ela sempre bate na minha porta as 11, quando bate um friozinho da serra e quando não passa nada de bom na Tv. Chega rindo torto como quem pede desculpa de tocar minha campainha e por todo meu mundo em corrida: me sinto o Bolt quando ela toca meu interfone.

Do sorriso de desculpa ela fala meu nome me chamando de Senhor. Faz a sua cena e eu rio dela e a puxo pelo braço. Beijo sua boca antes que ela tenha desculpa pra falar.Ela diz que não deve, cora as bochechas e eu falo que deve, deve morena, me deve esse e mais uma tonelada de beijos molhados e apreensivos.

Abro um vinho e ela relaxa. Me fala do trabalho, dos sonhos, me fala dela, da amiga. Me fala do sujeito e eu simulo bem que não estou com raiva e troco de assunto assim que posso. Eu tento fingir que ela não é dele e naquelas horas ela acaba sendo minha.

A gente discute por vinte mil assuntos diferentes, não concordamos em nada. Sabemos bem que nosso samba já sambô. Mas eu gosto assim! É que o impossível tem gosto de raridade quando acontece por instantes no descuido das horas.

Ultimamente ele anda magoando-a muito. Ela tá sempre por aqui.

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