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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Ser adulto não é nada do que eu esperava


A vida vai passando, arrastando multidões de sonhos, anos de ideias não terminadas, fragmentos de memórias aos caminhões. E eu vou, caminhando cambaleante neste carrossel de cores que já foram, desbotadas nas minhas gavetas mofadas e emperradas. Já não sei o que sou em meio a tanta coisa que fui ou queria ser.

Fui deixando os sonhos nas sarjetas das ruas que passei, abarrotada pelos conselhos estúpidos do meu medo e insegurança e cega demais para ver o quanto me distanciava do que queria para mim. Tomei um porre e fiquei de ressaca por vinte anos e agora sou velha demais para ser imbecil e sonhadora.

Me cobram tempo, me pedem tempo, pedem que eu conte meus segundos numa luta inútil para alcançar o que? Se o que me faz feliz é não ter hora pra nada, porque faço tanto para não perder tempo? O tempo é meu para me desfazer?

Me refaço. Começo do zero mil vezes e por outras mil me quebro outra vez. Pergunto me faceira por quanto tempo dura a cola que emenda meus pedacinhos multicoloridos. Me debruço no parapeito e vejo o mundo girar.

E na janela, vejo amargurada a vida passar – mas não a minha. Me pego vil e coibida querendo sonhos que não sonhei e seguindo com os olhos o caminho de outros. Sou pior do que pensava se cruzo os braços e espero o milagre.

Vou voltar a ler romances piegas e contos de fadas. Ser adulto não é nada do que eu esperava.

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