O amor não é um porto seguro, é o mar bravio.
Não nos dá qualquer segurança, pelo contrário, nos trás algum medo que nunca antes tivemos.
Não se reconhece o amor pelo número de vezes que se riu junto, mas sim as lágrimas e dificuldades que ele nos fez forte para suportar sem que se optasse pelo não.
O Amor nos torna melhores porque para amar e ficar com
alguém, é preciso entender que aquela não é a melhor pessoa do mundo. É aceitar
que os defeitos do outro não vão sumir com um passe de mágica e que às vezes um
terá de ser mais maduro, paciente, forte e duro que o outro. Não somos
perfeitos e, portanto não podemos cobrar perfeição.
Um dia perguntei ao meu avô o segredo para permanecer casado
53 anos com minha vó. Ele me olhou com seus olhos cinzentos e disse que era
entender que os bons momentos são rodeados por momentos difíceis e que se
precisa aceitar que nem sempre o momento dos dois seria o mesmo. Assim, ele
encontrava calma para amparar minha vó em seus maus momentos e força para
compartilhar com ela um pouco dos bons que ele tivesse. A chave misteriosa
guardada na gaveta daquele senhor de mais de 80 anos era equilíbrio.
Vejo por ai aos montes: As pessoas não conseguem morar sozinhas
e querem se casar, como se o problema de suas existências fosse a ausência de
um ser amado para adorar a presença física. Mas quem não sabe ficar sozinho não
saberá amar junto, pois todo amor começa pelo amor próprio. E esse, não há
nenhum livro no mundo capaz de te ensinar e a solidão é que nos ensina a ter e
o mais doloroso: a manter.
Somos diferentes, mas os opostos podem até se atrair, mas
vão se distrair a qualquer momento e perceber que afinidade ainda é a meia
certeza de bons relacionamentos. Isso porque ninguém consegue conversar com
alguém que não possua pelo menos alguns interesses em comum e a conversa é
ainda a base sólida de todas as relações humanas.
Amor é para os fortes de alma. Para os que sabem rir até
doer a barriga e para os que não acham que chorar é fraqueza. Amar é para os
que ainda tem fé no mundo, na vida e nos homens, pois é confiar uma parte séria
de sua existência a alguém: amar expõem todos os nossos poros.
E uma vez expostos, não podemos recuar. É amar ou se
entregar ao Se. Se tivesse tentado, se isso, se aquilo. E SE é, como já dizia
minha mãe, pronome de atrapalhação.
Não busque seu braço direito no corpo de outra pessoa, amor
é o que sentimos quando andar de mãos dadas basta, mas não é o outro que irá te
completar. Amor é uma arte para pessoas completas de sí e que buscam no outro
acréscimos, não enxertos.
Vejo casais que antes eram meu ideal romântico terminando
depois de anos de relacionamento, em busca sempre de certeza. Todos querem a
garantia de que o amor é pra sempre, que vão se aguentar mutuamente e viverão
seu “felizes para sempre”. Mas não há
garantias. O amor é sempre terreno desconhecido. Ficar junto é equilibrar pratos de porcelana em varas.
Ou então, vejo aqueles que pensam que filhos vão fazer o
amor durar. Enchem a casas desses espécimes, e não percebem que, amor, existem
muitos: de várias formas, cores e tamanhos.
Amar vale a pena, mas no amor não há lugar para os fracos. Para
indecisos ou para os que não têm o autoconhecimento necessário. Porque este
sentimento esquecido e tão fora moda
atualmente, vai revirar todos os seus sentidos, mexer em todas as suas gavetas
e desalinhar seus livros de certezas nas prateleiras. Quando ele chegar, vai
meter o pé na porta e derrubar preconceitos, valores desvalorizados e
desgastados e vai mudar a essência do que você é, sem de fato mudar o que você
é. Porque amor não é moldar o outro ao que se espera, mas é esperar que o outro
se molde para caberem os dois em uma cama estreita. Porque amor é paciência, dedicação e
tolerância.
Não espere a pessoa perfeita, entenda as imperfeições da
pessoa que você ama.
Amar, é uma viagem sem volta, mas não quer dizer que será a última.
Há vários amores esperando para serem vividos. Sinta no peito e siga o caminho
do que melhor lhe apraz. Só não busque simetria no que foi feito para ser
incompleto e imperfeito e assim, ser tão único e infinito dentro de nós.
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