A Bailarina hoje se sobressaltou. De repente, o tempo se tornou algo inexorável e ela teve a certeza de que algumas escolhas são pra sempre.
A bailarina se sentiu adulta, se sentiu frágil e carregou o peso que a advogada levava todos os dias. Era uma experiência nova e dolorosa, o que não significava que seria uma má experiência.
Não teve dança ou música. O momento era de lógica e fatos. E os caminhos se cruzavam, e se juntavam, e o que era algumas poucas nascentes de problemas, virou um rio forte e largo de medos.
A bailarina aprendeu que rodopios podem te deixar tonta, cambrês fazem doer sua coluna, e que alguns machucados levam tempo demais para sararem, e podem deixar cicatrizes pra sempre.
Ela aprendeu que a advogada não era resmungona sem motivo, que riso podia ser sempre, mas que tristeza não tinha hora marcada.
Ela aprendeu que seus sonhos podem ser tão complicados quanto seus pesadelos, e que tudo em demasia pende ao mal estar. É melhor mesmo o equilíbrio.
Mas principalmente ela aprendeu que maturidade não vem com velas sopradas, e que segurança não se compra em prateleiras. Que confiança é uma montanha que se escala passo a passo, mas que qualquer deslize te leva de volta ao ponto de partida: isso se não levar mais longe, e sempre para trás.
Algumas lições da lucidez devem ser aprendidas pela loucura, embora a seleção de cada uma delas é extremamente necessária e nem sempre fácil.
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