Mãe,
Cada dia que passa tenho mais certeza que amadurecimento é doloroso, mas necessário.
Vejo que colherei exatamente aquilo que planto e plantar é um reflexo de todas as minhas conjugações. Em tudo que faço, eu semeio.
Sei que a palavra que uso para julgar alguém é a mesma que usarão para me condenar. Que a moeda que me aposso indevidamente é uma perda financeira no meu caminho.
A cólera que emprego com os mais simplórios é a força da palmatória que a vida me aplicará. Todas as minhas ações geram reações de igual força e sentido contrário. É aquele ditado batido de que a cada dedo que aponto para alguém, são 4 outros apontados para mim.
A maturidade está trazendo paciência, temperança, aceitação. Percebo que maledicência é uma forma diferente de dizer que estou fazendo mal a alguém e por ser impalpável é um mal mais dificil de combatermos e nos defendermos.
E que diferente do que penso das pessoas e do que elas pensam de mim, amanhã o sol vai nascer: mesmo que fique oculto pelas nuvens e a chuva que cai torrencialmente nessas épocas do ano.
Aprendi que nem tudo que eu penso querer eu terei, mas que em geral, o que recebo está além do que realmente preciso e que a vida é generosa a seu modo.
Vi com clareza que se eu fico em dúvida entre meu coração e minha razão, o certo é dosar um pouco dos dois e que não importa quantas lágrimas eu derrame pelo caminho, o importante é não deixar que elas me ceguem e me façam parar.
Em 2011 eu aprendi que amar não dói, o que dói é idealizar no outro algo que não existe nem em mim mesma, quiçá no mundo.
Hoje sei, melhor do que no tempo em que morava na sua casa, que a vida é dura, que minha cama não se arruma por mágica e que não importa o quão complicado seja o meu dia, terei que encontrar forças para abrir a porta de casa para mim mesma. E por incrível que pareça, por mais doloroso que seja, isso está me transformando na pessoa forte que eu sempre quis ser.