Esquecer é um verbo, logo, indica uma ação – ações dependem de força, vontade e direção. Eu esqueço – primeira pessoa do singular. Singular é sozinho, e esquecer é não querer mais junto. Aquele que precisa esquecer é porque ainda tem o outrém por perto, nem que seja na memória.
Quem esquece, deixa de lembrar de algo ou alguém. Tú esqueces: pelo visto com um predicado bem mais rápido que o meu. E no não querer que é o não lembrar, brincamos de não ser o que em nós já é. Fingimos que não existe aquela coisa sem substantivo, mas que tem substância, adjetivo e sílaba tônica o que é em mim, um amor que é morfologicamente abstrato.
Se te confundo com meus ditongos, é que eu não conseguiria manter esse hiato entre meus lábios secos e sua boca doce e molhada. Se eu sou ainda seu sujeito indefinido, você ainda não chegou a ser pra mim mais do que frases de efeito, e aprendi a não confiar nas promessas que me fazem por ai.
Estou insone. É que dormir me faz pensar nos teus cabelos brancos, diminutos sobre seu cabelo espesso. E ficar acordada me conduz a um lugar qualquer onde não sou, mas você é. Meu amor por você teve que se contentar em ser sujeito oculto.
Eu não tenho verbo nessa nossa oração. Sou uma frase qualquer, sem ação e nem fato. E se pra você é uma escolha, para mim é o medo de apontar meu indicador na direção errada. E eu que nunca fui de purgatório, ando conhecendo o inferno.
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