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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Difícil é ficar junto.

É tão difícil ficar junto, né?
Fácil é ficar sozinho.
Ninguém deixa a toalha molhada na sua cama. Só você mesmo para culpar de não pôr o lixo pra fora, ou de não varrer a casa.
Os fios de cabelo no chão são apenas de solitário tom castanho.Nada daquele preto lustroso e que teima em ser mais liso que o seu só pra te irritar.

É difícil ficar junto: Apaga luz, acende a luz, apaga a luz.
Deixa o ventilador ligado – não, desliga.
Posso tomar banho com você? – Eu queria tomar sozinho.
Vamos comer lasanha? – Eu não to com fome.
Ficar sozinho é tão fácil! Oh meu Deus, como é fácil não ter pentelhos no seu sabonete. Não ter ninguém pra errar e usar sua toalha.

Como é fácil matar a fome com chocolate e não ter ninguém para dizer que isso vai te engordar.

Chega a ser ridículo de tão fácil não ter que explicar pra ninguém porque você tem 20 sandálias parecidas, ou porque você tem que ter 5000 bolsas se usa apenas uma.

Como é fácil poder atrasar as contas e comprar aquela buginganda que você queria.

É tão fácil escolher as músicas você mesma. Nada daquela barulheira horrorosa que ele gosta.

É tão simples poder chorar e não ter que explicar pra ninguém.

Mas é tão ruim não ter ninguém pra acalantar você. Pra enxugar suas lágrimas e te fazer deixar seu tom melodramático de lado.

É tão difícil o silencio avassalador que faz qualquer pequeno ruído parecer o início de uma invasão militar.

É horrível não ter ninguém pra notar quando você compra uma bolsa nova, ou quando sua sandália combina com a roupa.

Comer desmensuradamente por causa de nervosismo e não ter quem te fale que vai engordar – mesmo que na hora você fique puta da vida.

Como é terrível não ter ninguém pra levar a toalha pra você no banheiro quando você esquece. E ter que aceitar com dignidade o chão ensopado e o frio que percorre seu corpo molhado na luta até chegar ao quarto e pegar a toalha molhada em cima da cama. “olha, esse mau hábito também é meu?”

É tão ruim não ter seu calor, seu corpo, sua voz... sua presença, que nem consigo imaginar porque, em algum tempo, eu achei que fosse bom ficar sozinha... sem você!

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