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terça-feira, 4 de setembro de 2012

O amor não é um porto seguro, é o mar bravio



O amor não é um porto seguro, é o mar bravio.

Não nos dá qualquer segurança, pelo contrário, nos trás algum medo que nunca antes tivemos.
Não se reconhece o amor pelo número de vezes que se riu junto, mas sim as lágrimas e dificuldades que ele nos fez forte para suportar sem que se optasse pelo não.

O Amor nos torna melhores porque para amar e ficar com alguém, é preciso entender que aquela não é a melhor pessoa do mundo. É aceitar que os defeitos do outro não vão sumir com um passe de mágica e que às vezes um terá de ser mais maduro, paciente, forte e duro que o outro. Não somos perfeitos e, portanto não podemos cobrar perfeição.

Um dia perguntei ao meu avô o segredo para permanecer casado 53 anos com minha vó. Ele me olhou com seus olhos cinzentos e disse que era entender que os bons momentos são rodeados por momentos difíceis e que se precisa aceitar que nem sempre o momento dos dois seria o mesmo. Assim, ele encontrava calma para amparar minha vó em seus maus momentos e força para compartilhar com ela um pouco dos bons que ele tivesse. A chave misteriosa guardada na gaveta daquele senhor de mais de 80 anos era equilíbrio.

Vejo por ai aos montes: As pessoas não conseguem morar sozinhas e querem se casar, como se o problema de suas existências fosse a ausência de um ser amado para adorar a presença física. Mas quem não sabe ficar sozinho não saberá amar junto, pois todo amor começa pelo amor próprio. E esse, não há nenhum livro no mundo capaz de te ensinar e a solidão é que nos ensina a ter e o mais doloroso: a manter.

Somos diferentes, mas os opostos podem até se atrair, mas vão se distrair a qualquer momento e perceber que afinidade ainda é a meia certeza de bons relacionamentos. Isso porque ninguém consegue conversar com alguém que não possua pelo menos alguns interesses em comum e a conversa é ainda a base sólida de todas as relações humanas. 

Amor é para os fortes de alma. Para os que sabem rir até doer a barriga e para os que não acham que chorar é fraqueza. Amar é para os que ainda tem fé no mundo, na vida e nos homens, pois é confiar uma parte séria de sua existência a alguém: amar expõem todos os nossos poros.

E uma vez expostos, não podemos recuar. É amar ou se entregar ao Se. Se tivesse tentado, se isso, se aquilo. E SE é, como já dizia minha mãe, pronome de atrapalhação.

Não busque seu braço direito no corpo de outra pessoa, amor é o que sentimos quando andar de mãos dadas basta, mas não é o outro que irá te completar. Amor é uma arte para pessoas completas de sí e que buscam no outro acréscimos, não enxertos.

Vejo casais que antes eram meu ideal romântico terminando depois de anos de relacionamento, em busca sempre de certeza. Todos querem a garantia de que o amor é pra sempre, que vão se aguentar mutuamente e viverão seu “felizes para sempre”.  Mas não há garantias. O amor é sempre terreno desconhecido. Ficar junto é  equilibrar pratos de porcelana em varas.

Ou então, vejo aqueles que pensam que filhos vão fazer o amor durar. Enchem a casas desses espécimes, e não percebem que, amor, existem muitos: de várias formas, cores e tamanhos.

Amar vale a pena, mas no amor não há lugar para os fracos. Para indecisos ou para os que não têm o autoconhecimento necessário. Porque este sentimento esquecido e tão fora  moda atualmente, vai revirar todos os seus sentidos, mexer em todas as suas gavetas e desalinhar seus livros de certezas nas prateleiras. Quando ele chegar, vai meter o pé na porta e derrubar preconceitos, valores desvalorizados e desgastados e vai mudar a essência do que você é, sem de fato mudar o que você é. Porque amor não é moldar o outro ao que se espera, mas é esperar que o outro se molde para caberem os dois em uma cama estreita.  Porque amor é paciência, dedicação e tolerância.

Não espere a pessoa perfeita, entenda as imperfeições da pessoa que você ama. 

Amar, é uma viagem sem volta, mas não quer dizer que será a última. Há vários amores esperando para serem vividos. Sinta no peito e siga o caminho do que melhor lhe apraz. Só não busque simetria no que foi feito para ser incompleto e imperfeito e assim, ser tão único e infinito dentro de nós.

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